Por Renata Monteiro
Outro pré-vestibular social que dá oportunidade a alunos de baixa renda é o Pré Universitário Oficina do Saber, que existe há 10 anos e é conhecido como “Mequinho”. O curso preparatório é mantido pela UFF e a única contribuição dos estudantes é com o material didático, que será usado por eles mesmos ao longo do ano. Algo interessante no projeto é que nem todos os participantes são alunos da UFF, muitos voluntários estudam nas demais universidades públicas do estado.
Para estudar no “Mequinho” os alunos precisam fazer a inscrição na sede do curso, levando um quilo de alimento. Após essa etapa acontece uma análise sócio-econômica e a realização de provas de português, matemática, raciocínio lógico e redação. De acordo com Daniel Braga, ex-aluno e atual professor de química do curso, o pré-vestibular oferece 100 vagas, mas a procura é muito maior. “Cerca de 700 pessoas vêm procurar uma vaga em nosso pré-vestibular. Já teve um ano que 2.000 pessoas queriam estudar conosco”, falou.
Embora a procura seja grande, a divulgação é feita pelos próprios voluntários, que espalham cartazes e avisos por onde passam. O curso começa no mês de março e termina junto com o segundo semestre letivo da UFF. Os alunos estudam de segunda à sexta, das 18h30 às 22h e em parte do sábado. Além das aulas regulares, os alunos têm acesso a uma biblioteca, dois computadores e monitoria de todas as disciplinas.
Para o professor Daniel Braga, um dos pontos mais interessantes de dar aula no projeto é o laço que se forma com os alunos. “Aqui temos uma interação muito grande com os alunos, e isso é muito bom, tanto para nós, quanto para eles”, comentou.A aluna Talita Fontoura, de 22 anos confirmou a importância da ligação entre professores e alunos. “Aqui temos professores muito bons e que explicam bem. Além disso, temos liberdade para conversar, falar e tirar dúvidas com eles, isso é muito legal”, afirmou.
Talita Fontoura, que fará vestibular para Comunicação Social na UFF ainda acrescentou a importância do curso em sua vida. “Esse pré-vestibular é ótimo para mim. Não tenho tempo para estudar em casa, porque trabalho, mas aqui me dedico inteiramente”, falou. “Sei que perdi muito tempo, agora que não tenho horário livre é que decidi me interessar, mas sei que nunca é tarde para querer estudar”, acrescentou.
O Pré Universitário Oficina do Saber ainda possui um segundo projeto, que é o de atualização. Nele estão pessoas que pararam de estudar a mais tempo e que não conseguiriam, portanto, acompanhar as aulas do pré-vestibular. “A atualização dura um ano, após esse período os alunos são colocados na turma regular do pré-vestibular, só que preparados para acompanhar o ritmo das aulas”, explicou o professor de química. “Isso possibilita que pessoas mais velhas possam tentar o vestibular”, acrescentou.
Uma questão que preocupa os voluntários do projeto é o índice de evasão. De acordo com Alexandre Tedim, também ex-aluno e atual professor de química, os principais causadores da evasão são a falta de verba para custear a passagem até o curso, a falta de tempo, pois muitos alunos estão cursando o terceiro ano, e o próprio não acompanhamento do conteúdo. “Uma das coisas que diminui esse índice é o projeto de atualização, caso contrário esse número seria ainda maior”, falou Alexandre.
Pré Universitário Oficina do Saber: Rua Jansen de Melo, 174, Centro, Niterói.